sexta-feira, 25 de maio de 2012

Beleza e Feiura


A “beleza” sempre foi definida pela classe poderosa no momento, uma minoria das pessoas. Por isso é comum que o padrão de beleza de uma sociedade corresponda, na realidade, a um número pequeno de pessoas. Isso acontece  porque quem tem poder 1) impõe seu tipo físico como modelo ou 2) impõe o tipo físico que  gostaria de ter( nada impede que  quem tem poder numa sociedade esteja subordinado a um grupo poderoso de outra sociedade).

Não só a beleza, mas a feiura também é estipulada pela classe dominante. No nosso caso, apesar da maioria da população ser mestiça, valorizamos olhos claros, cabelos loiros e lisos. Por quê? Até quando?

Os europeus nos impuseram à pólvora seu modelo de beleza durante as “conquistas” e os “descobrimentos”. Consideraram os ameríndios bonitos e os africanos feios. Para os europeus, os ameríndeos possuíam traços mais parecidos com os traços europeus, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.”.[1]

Já os africanos, os que tinham traços “mais próximos” ao “padrão europeu”( imposto ou aspirado): eram mais altos, mais claros, com cabelos “menos crespos”( com “cabelos bons”) eram mais caros e escolhidos para trabalhar na Casa Grande. Por outro lado, os escravos com “cabelos ruins” e com traços menos similares aos europeus eram destinados ao trabalho nas lavouras.[2]

E desgraçadamente viemos arrastando  esse padrão estúpido de beleza e essa babaquice  “cabelo bom” e “cabelo ruim”.   A diferença é que agora o modelo nos é imposto pelas indústrias de cosméticos e da moda, curiosamente, também europeias. 

Não somos mais colônias, por que diabos temos que continuar idolatrando esse padrão?  Cabelo serve para proteger a cabeça dos raios solares e para diminuir a perda de calor. Se o seu cabelo faz isso, ele é bom. Somos livres, podemos fazer o que quisermos com nossos cabelos. Temos toda uma indústria ao nosso dispor, tanto avanço tecnológico, para quê? Não é justo que agora nos transformemos em escravas do que as indústrias de cosméticos querem.

Cabelos não são ruins. Ruim é a nossa  preguiça de pensar por conta própria.

[1]  Carta a el-rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha.
[2] Livro do Cabelo - Leusa Araújo 


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