quarta-feira, 23 de maio de 2012

Monitoria - por quê?


Bom, a ideia da monitoria surgiu porque muitas meninas me perguntavam o que eu fazia no cabelo. Eu já fiz de um tudo, já fiz chapinha, já tive rasta, já fiz relaxamento, já cortei errado e ficou horrível. Aos 18 anos, o professor de química do cursinho pré-vestibular, prof Alex Fabiano(hoje professor adjunto de química da UnB), nos explicou em  diferença entre cabelos lisos e cabelos crespos: a presença de enxofre. Quanto mais enxofre, mais crespo. O que a chapinha e o secador fazem é quebrar as pontes de enxofre por meio do calor, mas assim que a água toca no cabelo, as ligações se restabelecem. Nos explicou também como eram os alisamentos químicos. Saber isso era parte do conteúdo de química  para o vestibular, como também  conteúdo de  física das molas.

Então, juntando A + B: se o meu cabelo cacheado tem uma estrutura químico-fisica diferente de um cabelo liso, NÃO É POSSÍVEL QUE A MESMA FORMA PARA PENTEAR SIRVA PARA OS 2. Então eu tive que encontrar uma forma de pentear que respeitasse a estrutura e a beleza do meu tipo de cabelo. E para mim, é aqui que está o grande erro das empresas em geral de cosméticos para cabelos cacheados e crespos. Os produtos já são excelentes. Mas elas  não pensaram que a forma de utilização do produto faz toda a diferença.

Então, como elas não dão ênfase na técnica, começam a apresentar os produtos como fórmulas milagrosas. Apresentam na propaganda um cacho meio bagunçado, e com o simples uso do produto ele magicamente se organiza e fica definido. Prometem hidratação por X horas *, cachos 100% mais hidratados*, redução do frizz*. Mas se começamos a ler os asteriscos, em letras minúsculas está escrito: “teste realizado usando shampoo+condicionador+creme de pentear da linha tal  versus shampoo sem agentes condicionantes”. Ou seja, comparam um cabelo onde usaram toda a linha do produto com o mesmo cabelo, mas dessa vez só foi usado um shampoo.

Eu passei anos achando que o problema era o meu cabelo ou os cremes, porque trocava de cremes e nada funcionava. Até que, descobri que o problema estava na técnica. Estava na dificuldade de imaginar outra forma de pentear.

A noção de pentear que temos está ligada a todos os procedimentos para chegar ao padrão de “cabelo bonito” imposto pela mídia. Como o cabelo liso é o cabelo valorizado, todas as técnicas para esse tipo de cabelo, desde o simples passar dos pentes à utilização da  chapinha, são amplamente divulgadas e são consideradas “pentear”. Para estes cabelos, a beleza está em colocar  os fios paralelos uns aos outros. Mas nós, cacheadas e crespas, a beleza está na definição ou indefinição dos cachos,  no volume, na textura que queremos ter. Quando muito, nos ensinam técnicas que  não são compatíveis com o dia-a-dia da mulher atual. Dizem que devemos secar o cabelo com toalhas de papel (que consciência ambiental, hein!), que devemos esperar os cabelos secarem em um lugar onde não tenha vento. Mas nenhuma empresa  ensina a usar o difusor, por exemplo. Querem o que? Que a gente passe 5 horas trancada dentro de um quarto esperando o cabelo secar para sair?
  
 Será que nenhuma empresa vai começar a divulgar técnicas de pentear diferentes tipos de cabelos? Em vez de um consumo eficiente, vão continuar investindo nessa estratégia estúpida de consumo desenfreado de um produto desnecessário? Desnecessário sim, porque não cumpre o resultado final apresentado. Eu acho que  mais do que divulgar uma beleza real,próxima às consumidoras,as empresas têm que divulgar NOVOS CONCEITOS DE PENTEAR, técnicas diferentes para tipos diferentes de cabelos  e novos critérios de classificação de cabelos. Meu objetivo não é que todos tenham o cabelo igual ao meu, mas é que cada um descubra a sua forma de pentear.

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